Olá leitores
Normalmente quem escreve as análises do Hunt Games sou eu mesmo, mas ao ler esta review, achei que não precisava "reinventar a roda" visto que a mesma passa exatamente o que eu queria passar a vocês. Ela está um pouco grande, mas vale a pena. Créditos ao final. Com vocês, Mass Effect.
RPG que se preze precisa de dragões, elfos, orcs, castelos, feitiços? Nada disso! Mass Effect traz alienígenas, espaço sideral, colonização espacial, tecnologia e todos os grandes temas presentes na ficção científica mesclados com muita ação. A história você já deve ter visto em algum outro jogo ou filme, mesmo assim ela não deixa de ser bem desenvolvida: como representante da humanidade e do Conselho Galáctico, suas responsabilidades são a de perseguir o vilão Saren Arterius, que possui um plano em andamento para dominar o universo! Encarnando o Comandante Shepard, o jogador deverá rastrear pistas por diversos lugares da galáxia, a bordo da nave espacial Normandy, a fim de frustrar os planos do vilão, rumo a batalha final.
O estúdio responsável por Mass Effect é a BioWare, uma das mais respeitadas desenvolvedoras de jogos de RPG de nosso tempo, portanto não é difícil entender o motivo do sucesso do game, lançado para o console Xbox 360 em novembro de 2007, chega agora também para os jogadores de PC!
Sem dúvida, o ponto mais forte de Mass Effect é o seu próprio universo que o jogo constrói com perfeição. Não apenas os cenários são impressionantes, mas há toda uma variedade e diversidade de raças e culturas alienígenas, que somadas a um roteiro que em nenhum momento perde a linha, resulta em uma atraente parábola sobre a dificuldade que o ser humano tem de compreender e conviver com outros diferentes de si mesmo. Mesmo que sintamos a falta de mais NPCs para conversar (há alguns que não possuem sequer uma linha de diálogo) e uma escassez de interatividade nos cenários, a atmosfera que o game cria compensa estas falhas iniciais.
Como se trata de um jogo de RPG, uma das primeiras decisões antes mesmo de se começar a jogar é a de construir o personagem principal nas seis classes disponíveis: Soldado, Engenheiro, Adepto, Infiltrador, Vanguarda e Sentinela. A principal diferença entre cada classe é a concentração de força em áreas diferentes de habilidades de combate, de tecnologia (facilidade em decifrar sistemas de segurança e enfraquecer armas inimigas) e bióticas (impulsos do cérebro que manipulam o mundo físico). Escolher a classe certa ao estilo de jogo que se quer ter é importante, mas o mais relevante é que, não importa a sua escolha, sempre haverá muita ação pela frente.
O fundo histórico do personagem também pode ser selecionado como nascido na Terra, Colono ou Espacial. A seguir, o perfil psicológico: cruel, herói de guerra ou único sobrevivente. Tais escolhas não fazem mudanças muito significativas no progresso do jogo, apenas vão definir algumas opções e linhas de diálogo.
Feitas as escolhas iniciais é hora de começar a jogar. De início, o jogo parecerá um pouco confuso em sua dinâmica, mas é só dedicar-se algum tempo para entender e perceber que o game carrega uma estrutura bem simples e fácil. Basicamente viajamos a bordo da nave Normandy pelos diversos locais da galáxia para explorar, aniquilar inimigos e realizar tarefas. As missões ligadas ao roteiro central do game são as mais elaboradas, contando com certa variedade, tanto de tarefas como de cenários - você se verá conduzido por um roteiro inteligente e cativante. O mesmo não se pode dizer das missões secundárias, que são fracas, repetitivas e apagadas. Podemos resumi-las em explorar planetas e matar alguns inimigos, e ás vezes nem isso, apenas um passeio pela superfície para obter algum objeto ou desligar uma sonda. O veículo utilizado para tais missões de exploração é tão estranho de conduzir que lembra mais um daqueles carrinhos de controle remoto que brincávamos quando criança.
Mas, se nos ativermos na missão principal, veremos que o game não deixa a peteca cair em nenhum momento. O roteiro é sustentado por um sólido e inovador sistema de diálogos no qual, ao invés do jogado ler todas as frases completas que poderia responder, ele apenas seleciona uma palavra-chave em uma pequena interface radial. As palavras do lado esquerdo da roda permitem que o jogador aprofunde a conversa, enquanto as do lado direito fazem que o diálogo termine. A parte de cima da roda serve para as respostas que refletem um caráter cooperativo e diplomático, já a parte debaixo são frases mais agressivas e hostis. A grande vantagem desse sistema é o dinamismo e a rapidez com que selecionamos o que o nosso personagem deve dizer - não há necessidade de ler frases inteiras, como em outros jogos. O diálogo fica mais fluído e um realismo inédito é apresentando diante de nossos olhos, sentimos como se estivéssemos vendo um filme. Uma pena que, mesmo sendo construído sobre um sistema sólido, os diálogos não permitem tantas opções e resultados como nos RPGs mais complexos.
Saber o que falar é importante, pois cada atitude, frase ou decisão terão conseqüências na moralidade, definindo se o personagem será um Paragon (virtuoso) ou Renegade (renegado). Posturas agressivas e egoístas desenvolvem o lado renegado, enquanto agir de maneira boa e generosa desenvolvem o lado virtuoso. Não faltarão momentos inteligentes no roteiro para deixar o jogador em dúvida sobre qual lado seguir. Há, por exemplo, uma missão interessante, em que o seu personagem pode usar da alta autoridade para libertar um sujeito questionável da prisão só por causa de ele ser "humano".
Todos esses elementos de RPG são bem mesclados com a ação. E, quanto a isso, também há diversas considerações que devemos fazer. E a primeira é que, como você já deve ter ouvido falar, o game lembra muito o Gears of War pelo menos na aparência, já que a câmera é em terceira pessoa e há a possibilidade do personagem procurar cobertura nos objetos. Mas cuidado com essa comparação, pois o game está mais voltado a um combate tático cooperativo. Você terá a disposição sempre dois membros na sua equipe (conforme o jogo avança, mais companheiros surgem e lhe acompanham na nave). Cada vez que você sair da nave, poderá escolher a equipe, de acordo com a estratégia a ser utilizada, já que eles possuem especialidades diferentes, pontos fortes e pontos fracos em diversas áreas.
Uma vez fora da nave e em combate, é possível, por meio de pausas, dar comandos táticos para a equipe como trocar todas as armas, usar uma habilidade especial ou mesmo enviar uma ordem de movimentação específica pelo cenário, entre outras. Essa foi uma das melhorias que a versão para PC recebeu em comparação ao Xbox 360 - de fato, o sistema é muito intuitivo, apesar da constante "tentação" que o jogador sofrerá para deixar o combate acontecer ininterrupto. Na verdade, o que nos faz parar o jogo constantemente é a fraca IA da equipe e dos inimigos também, o que demonstra que Mass Effect não foi um jogo bem polido neste quesito. A equipe tem visíveis dificuldades em achar o caminho pelo cenário, o que piora na hora da batalha. Por isso mesmo o jogo traz algumas soluções práticas, mas nada elegantes. Por exemplo, quando um membro da equipe cair em algum lugar no cenário ou ficar preso por alguma porta e não tiver como sair, basta continuar andando que de repente ele aparece ao seu lado. Os inimigos também não ficam pra trás! Durante o combate é comum alguns ficarem "presos" atrás de paredes e não se mexerem mais, mesmo quando atingidos pela parte do corpo que está visível.
Para o combate, o jogador terá a disposição um amplo arsenal onde estão incluídos rifles de assalto, rifles de precisão, pistolas, espingardas e granadas. Os rifles de precisão são decepcionantes e as granadas parecem ser os piores de se utilizar. Os primeiros, pela rapidez com que esquentam e se tornam inúteis, e as granadas por se comportarem de maneira bem diferente do seu o nome quando lançadas. Há uma boa variedade de modificadores e upgrades para cada arma e munições diferentes, fazendo com que seja obrigatório o jogador verificar e manipular constantemente o seu inventário de objetos para conseguir o melhor desempenho nas batalhas. Entre os equipamentos estão Ferramentas Omni (Omni Tools) e Amplificadores Bióticos (Bio-amps) para melhorar a capacidade estratégica do jogador nos combates.
Conforme se avança no jogo, seja aniquilando inimigos, cumprindo missões ou usando determinadas habilidades, o jogador ganha experiência até subir de nível. Quando o nível sobe, ganha-se pontos de saúde e de talentos para distribuir em qualquer área do personagem. O positivo é que tal avanço é rápido, não permitindo que o jogador caia no tédio, mas, pelo contrário, se empolgue constantemente com o desenvolvimento do personagem. Talvez o principal motivo para isso é o fato que, para um RPG, Mass Effect é muito curto, demorando pouco mais de 20 horas para se completar. Os diversos archievements (conquistas) talvez garantam uma longevidade maior, bem como conteúdo disponível no site oficial para download, como o prometido conteúdo adicional "Bring Down the Sky". E por falar em Internet, não se esqueça que este jogo requer ativação online, portanto, sem conexão com a rede não será possível jogar.
Indo muito além da expectativa, a parte sonora de Mass Effect surpreende. A música usada no game foi feita tendo como inspiração filmes clássicos de ficção científica como Duna e Blade Runner, trazendo a mesma temática eletrônica da época - quem curte ficção científica perceberá as referências. São músicas inspirativas que dão ao jogo um sabor especial.
Os demais sons usados nos efeitos não ficam para trás. Claro que o realismo dá lugar à ficção (a começar pelo fato do som não se propagar no vácuo do espaço sideral) - o som da nave ao partir na sua viagem épica é ensurdecedor. O interior das naves, a ambientação dos planetas, e os ruídos dos movimentos de nossa equipe ao trocar de armas, mostram que nenhum detalhe ficou para trás.
O que merece o maior elogio é a dublagem e o conteúdo dos diálogos, que recebeu obviamente um altíssimo nível de produção. Não é por acaso que os desenvolvedores chamam de diálogo cinematográfico, pois é exatamente isso! Como já está ficando comum nos jogos, literalmente todas as falas são dubladas. Há inteligentes e cativantes momentos, não tão curtos, de conversas entre os personagens e o toque de realismo é a principal característica para deixar o universo do jogo ainda mais convincente. A qualidade é indiscutível.
Na parte gráfica, Mass Effect traz excelentes acertos e algumas mancadas. Nos acertos, é indiscutível que o jogo possui um visual cinematográfico e a sensação de estar assistindo um filme é muito grande, especialmente nos diálogos, dado o foto-realismo, movimentos e iluminação aplicada aos personagens. Até as expressões mais sutis estão presente nas faces dos NPCs.
A câmera acompanha o jogador em terceira pessoa e muda levemente para o lado ficando "nervosa" quando o jogador corre ou faz cobertura para atirar, trazendo uma sensação de ação muito real. As ambientações dos planetas são espetaculares e, juntamente com a música, são criados cenários realmente impressionantes, dignos dos melhores filmes de ficção.
Efeitos da nova geração de gráficos também estão presentes e são usados com abundância, entre eles o blur cinematográfico no movimento (que gera um leve embaçamento na tela nos movimentos mais rápidos da câmera) e a profundidade de campo. As animações são fluídas e beiram a perfeição. Os alienígenas são ótimos, mesmo que muitos tenham forma de humanóides, ajudam a criar a atmosfera convincente para o universo do jogo, revelado a ótima direção de arte de Mass Effect.
Já as piores mancadas no visual de Mass Efect começam no level design e infelizmente afetam um pouco a jogabilidade. Alguns cenários, apesar de bonitos e grandes, carecem de densidade, dando a impressão que foram "esticados" para, quem sabe, aumentar o tempo de jogatina. Exemplo mais irritante disso são os constantes elevadores que o jogador se vê obrigado a entrar em alguns mapas, para passar de um nível ao outro, onde se perde sempre 20 segundos ou mais. Os planetas espalhados pelo jogo também entram neste item negativo, já que a maioria deles está ali só para preencher espaço e não se pode sequer pousar ou explorar.
A interface, apesar de ter sido melhorada, não ajuda na localização de alguns confusos mapas que possuem mais de um andar. Diversos lugares não são compatíveis com a movimentação do personagem, já que o Shepard não pode pular e encontra várias paredes invisíveis pelo caminho que misteriosamente impedem sua passagem. Até mesmo as estruturas a serem exploradas nos diversos planetas da galáxia possuem lugares semelhantes aos demais, algo contraditório à distância, cultura e tempo presentes no roteiro do jogo.
O sistema de inventário, no qual o jogador manipula e organiza os seus itens, é medíocre. Além de haver variedade de modelos de armas, apenas muda-se a textura, muitos itens sequer tem representação gráfica, apenas textual, gerando confusão. Quem está acostumado com um bom RPG sentirá falta de algo mais caracterizado, como, por exemplo, a possibilidade de se arrastar (sistema "drag and drop") os itens para as partes determinadas do corpo do personagem, ou mesmo, ter uma representação gráfica de cada item.
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Ficha Técnica:
Nome: Mass Effect
Data de lançamento: 03/06/2008
Fabricante: BioWare
Distribuidora: Microsoft Game Studios
Categoria: Ação / RPG
Jogadores: 1 (Singleplayer)
Requerimentos:
Mínimo:
Processador: Processador de 2.4 GHz
RAM: 1GB
Placa de vídeo: GeForce 6800 GT 128MB / Radeon X1300 ou melhor
Disco Rígido: 16GB
Recomendado
Processador: Intel Core 2 Duo @ 2.0Ghz ou Athlon X2 3800+
RAM: 2 GB
Placa de vídeo: GeForce 8600 GT ou Radeon 2900
Imagens:
Fonte: Games Brasil
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
PC - Mass Effect
Postado por
Toya Hunt
Marcadores: analise, games, jogos, mass effect, PC, requerimentos
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